Milton Ribeiro

Disputamos, no Domingo passado, a 9ª jornada do nosso campeonato.


Num jogo que nos opôs à equipa do Pasteleira, na altura o ultimo classificado da série com apenas 3 pontos, no entanto nós não estávamos muito melhor e sabíamos que em caso de derrota seriamos ultrapassados pelos adversários desta jornada.


Durante a semana fomos preparando a equipa para este jogo, delineando estrategias que nos ajudassem a conseguir atingir os objectivos para este jogo.


A semana de treino tem sido complicada, assim como as anteriores. Temos um leque de jogadores muito desigual, onde alguns são muito bons e outros são muito maus, no entanto é com estes que nós estamos a tentar atingir os objectivos propostos para a presente época.


Não posso esconder que existem jogadores, no nosso plantel que, técnicamente são evoluidos, no entanto tacticamente e animicamente são muito fracos, de notar que esta situação não é unica e exclusivamente culpa dos jogadores, mas sim dos modos e formas de treino que lhes foram passando nos anos anteriores. 


Não quero com isto "sacudir a agua do meu capote", nem tão pouco o preciso de fazer, mas já estou cansado de andar a dar desculpas que não reflectem a total verdade dos acontecimentos.  


Verdade seja dita e chegou a altura de colocar as debilidades a nu.


Os jogadores estavam mal preparados  de base, não sabiam ocupar espaços em campo, não sabem fazer exercícios de menor ou maior dificuldade, obrigando-nos a perder tempo precioso para treinarmos outras situações.


Sabemos que são Iniciados (Sub-15) e que isso por si só é uma agravante para os conhecimentos técnico-tácticos que os mesmos devem ter, no entanto estamos numa competição que não nos permite andar a perder tempo a ensinar a base, como o passe e a recepção, arriscando-nos a perder o "comboio" da permanência.


Temos percebido que não será facil a manutenção, prova disso foi o jogo que fizemos ontem contra o Pasteleira, um jogo fraco, cheio de erros, inclusive de arbitragem, mas que nos fez dar mais um passo atrás na "escadaria" da permanência.


Além de termos de lutar contra as adversidades intrínsecas aos atletas, ainda temos de lidar com as dificuldades logísticas, campo, material de treino, bolas, enfim... dificuldades próprias de um clube com diversas dificuldades, mas com "gente" que tem feito de tudo para melhorar essas mesmas condições, mesmo sem grandes apoios.


Temos ainda de aturar alguns pais que acham que os filhos são os melhores jogadores do mundo e que estão num clube onde todos têm de jogar, não compreendendo que existem objectivos que têm de ser cumpridos. Para cumprirmos esses objectivos têm de jogar os melhores, os que estão melhores, que trabalham mais nos treinos, que não faltam aos treinos, que se aplicam mesmo sabendo que, se calhar, não serão chamados a jogar neste jogo. Aqueles que tem mais raça, mais vontade de vencer, que se empenham quer faça chuva ou faça sol. 


Enfim... a vida de treinador é complicada, mas também nunca ninguém me disse que seria fácil.


Quanto ao jogo em si saímos derrotados, mais uma vez, e mais uma vez vimos que a equipa adversária não é nada de especial, mas nós também não o somos. 


Voltamos a sofrer um golo de bola parada, marcamos dois mas ambos foram anulados por pretensos fora de jogo, mais três pretensos lances para grande penalidade que não foram assinalados. Enfim... perdemos e os três pontos voltaram a voar para fora do Cruz.


Não atiramos a toalha ao chão, até porque essa não é nem nunca foi a minha maneira de encarar as adversidades no futebol.


Vamos continuar a trabalhar com os "artistas" que temos e nós juntamente com eles tentaremos fazer historia, se não conseguirmos, fizemos o mesmo que todos os outros fizeram.


Sem apoio ou com apoio dos pais tentaremos fazer o melhor possível. 


Quem quiser estar do nosso lado estará quem não quiser, a porta da rua será sempre a serventia da casa, esta situação aplica-se a toda a gente, a mim inclusive.